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O QUE SERIA A PRESCIÊNCIA?

  • Matheus Fernandes
  • 3 de nov. de 2015
  • 5 min de leitura

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia; Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas. 1 Pedro 1:1-2

A epístola de Pedro se dirige aos que estavam dispersos devido às perseguições. A carta tem o objetivo de fortalecer a fé, confirmar a eleição, dar expectativas sobre a Cidade Vindoura e fazer com que os que receberam a mensagem fiquem firmes na vida cristã.

Pedro afirma que há eleitos entre os que estão dispersos, portanto essa carta é para eles, para perseverarem na sua fé. Deus manterá o seu povo que foi salvo sem acepção, isto é, não havia nada neles que os qualificassem para serem salvos, nem que fornecessem algo, ou meio para se salvarem. Foi segundo a vontade de Deus.

1. Para discutirmos temos que pensar se a eleição segundo a presciência de Deus é referente à percepção e conhecimento de Deus em relação ao eleito, isto é, Deus conhece os eleitos de antemão, mesmo antes deles saberem que o são, ou se é em relação a uma previsão de Deus de quem seriam os que responderiam com fé antes que o fato acontecesse.

O primeiro ponto que vemos é que o Espírito Santo santifica os eleitos. O Espírito Santo não tem uma consciência aparte de Deus, eles tem uma só consciência, uma só essência. A santificação do Espírito é o meio pelo qual a eleição é vista e procede na vida do eleito. Não há aqui espaço para pensarmos na necessidade de uma resposta autônoma da parte do homem. A santificação ocorre para confirmar a eleição. Se o homem tivesse a capacidade de responder positivamente ao chamado independente da santificação, isso a deixaria ineficaz. Seria uma santificação parcial e não efetiva e duradoura. Não haveria confirmação de coisa alguma.

Vemos que a santificação é o selo dos eleitos, sua marca indistinta e o que os define como tal. Não é possível haver um eleito que não seja santificado, nem pode haver alguém santificado que não seja eleito. Sendo santificado aquele que é separado para Deus, se admitirmos que o Espírito santifica tornando o homem capaz de responder positivamente ao chamado, mas ainda assim o homem nega, separamos o elo criado. Tornamos a santificação do Espírito uma obra sujeita a deturpação, sua obra portanto seria ineficaz, mas somente eficiente mediante a resposta positiva.

2. Os eleitos são salvos para obedecer a Deus, isso significa que antes não podiam. Apesar da livre agência, não possuíam a capacidade de obediência a Deus da forma que o glorifique. Se fossem capazes de obedecer, isso desqualificaria a santificação do Espírito e sua ação, e o sacrifício de Cristo seria vão. Se o homem pode obedecer a Deus sem Cristo, qual a necessidade dEle?

A conjectura da capacidade de obediência, sem a ação do Espírito, passa a fazer acepção dos que foram salvos, pois se todos são capazes de obedecer, aqueles que por vontade própria escolheram obedecer e responder com fé positivamente seriam salvos. Dizer que Deus elege aqueles que Ele viu que responderia positivamente, é dizer que Ele salva com acepção de pessoas, Ele salva aqueles que, diferente dos demais, o obedeceram. A fé é transformada então numa obra, uma obra de resposta positiva com obediência. Porém, nem a acepção na salvação, nem a salvação por obras é bíblico.

E se há algo que torna o homem somente capaz de obedecer, mas não garante a obediência, a finalidade da eleição se perde numa expectativa de que o homem responda positivamente. Deus e seu plano ficam à mercê do homem.

3. A eleição é para que o sangue de Cristo seja aspergido sobre os eleitos, garantindo a sua salvação. A aspersão do sangue do Cristo não é algo que torna possível a salvação, mas é algo que efetivamente salva. Ora o sangue é aquilo que perdoa, não está escrito que sem derramamento de sangue não há perdão (Hb 9:22)? O sangue derramado sobre os eleitos é o que efetivamente os perdoa. O perdão não é dado depois do sangue ter sido derramado, mas o sangue foi derramado e aspergido para dar o perdão. Romanos 3:25 nos diz que o sangue compra a propiciação, não somente a possibilita, mas a efetua.

Jesus derramou seu sangue para efetuar a eleição do Pai. Em outro momento (At 2:22-23), o próprio Pedro afirma que a morte de Jesus, portanto a aspersão do seu sangue, foi designada pelo conselho e presciência de Deus. Deus designou, antes mesmo que fosse conhecido pelo homem, o seu plano.

A estrutura da frase que diz ‘pelo determinado desígnio e a presciência’ liga o plano de Deus, e a presciência de maneira a dar a entender que são os dois lados da mesma moeda. A morte de Cristo aconteceu porque ela fora determinada por Deus.

(Franklin Ferreira, Alan Myatt, Teologia Sistemática, Vida Nova, p. 316)

A morte de Cristo foi designada para a salvação dos eleitos, para que o sangue aspergido sobre eles confirmasse a eleição. Todo aquele que foi eleito, será aspergido pelo sangue Cristo. Se Deus esperasse uma resposta positiva da parte do homem para aspergir o sangue e confirmar a eleição, a salvação seria por acepção novamente. A acepção daqueles que disseram “sim”. Outra implicação é que, segundo a passagem de Atos, Jesus foi planejado ser morto antes do mundo ter sido criado, a implicação lógica é que também seu sangue seria aspergido por aqueles que foram eleitos antes do mundo ter sido criado. Não há uma espera para aspergir o sangue, o sangue já foi planejado ser aspergido, antes da fundação do mundo. Deus o aspergiria para salvar os seus eleitos.

Se a morte de Cristo na cruz foi planejada por Deus, é claro que Deus planejou salvar pecadores antes da criação do mundo"

(Franklin Ferreira, Alan Myatt, Teologia Sistemática, Vida Nova, p. 317)

O sangue de Cristo é aspergido naqueles eleitos segundo a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, que não é dependente da vontade do homem.

Também notamos a Trindade na obra da salvação. Deus Pai elege, o Espirito santifica, selando, e Jesus derrama o sangue que será aspergido para salvar. Agindo o Trino Deus, quem impedirá? Seu conselho santo foi tomado antes de ser conhecido pelo homem, quem o mudará?

"Deus conhece de antemão o que será porque Ele decretou o que há de ser . Portanto, afirmar que Deus elege pessoas porque as pré-conhece é inverter a ordem das Escrituras, é pôr o carro na frente dos bois. A verdade é esta: Ele as “pré-conhece” porque as elegeu."

A. W. Pink

Amém!

 
 
 

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