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DEUS TRINO - TRINDADE PARTE 4

  • Foto do escritor: Kaioh Vinicius
    Kaioh Vinicius
  • 22 de mai. de 2015
  • 6 min de leitura

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E pra encerrar esse papo sobre a trindade vamos ver o que NÃO É a trindade e o que ELA É. Por ser um assunto tão complicado, acaba sendo também delicado, e por conta disso muitas heresias surgiram sobre o assunto. Algumas delas bem graves e outras com erros tão pequenos que poderiam passar despercebidos pela maioria mais desatenta.

EBIONISMO

Esses camaradas surgiram no final do primeiro século e começo do segundo em um círculo de cristãos judeus. Não vou me ater a pormenores técnicos como origem do nome em hebraico e grego mas já adianto que o significado do termo seria algo como "pobre", "necessitado", "miserável", "mendigo". Eusébio de Cesaréia (c 262-339) chegou a dizer que este nome "manifesta a pobreza da inteligência". [1] Eles tinham "pensamentos pobres e de baixa estima" [2] sobre Cristo.

Não criam que a fé era suficiente para a salvação, e por isso era preciso cumprir a lei mosaica juntamente com a fé para se alcançar a salvação. Entre eles havia a crença de que Jesus era apenas um homem que observou de modo especial as leis de Deus, sendo então escolhido por Deus para ser o Messias. Em seu batismo Jesus teria recebido o Espírito Santo que o capacitou para tal feito e então no Calvário foi abandonado, mas como Messias escolhido ele voltaria para reinar.

Eles negavam tanto a divindade de Cristo como Filho de Deus gerado e não criado, quanto seu nascimento virginal. A todo o custo eles quiseram manter o monoteísmo do Antigo Testamento e as leis mosaicas, sacrificando assim a divindade de Cristo.

Por último, outro erro cometido por eles é de que quando a divindade de Jesus é aceita, ela é subordinada e menor que a de Deus Pai.

GNOSTICISMO

Essa palavra deriva do grego que significa "conhecimento" e surgiu provavelmente no primeiro século. Esses camaradas eram como uma grande seita secreta, a qual pretendia ter conhecimento esotérico, secreto e especulativo sobre Deus. Ensinavam que só quem tivesse acesso a uma forma secreta, conhecida apenas por eles, de interpretar a Bíblia poderiam entendê-la e assim conseguir a salvação. [3]

Eles especulavam sobre Deus misturando elementos gregos, judeus, cristãos e orientais. Um dos grandes problemas dos gnósticos era com sua observação de que a matéria é maligna e o espírito bom, isso é o que chamamos de dualismo. Os caras viajavam a tal ponto que diziam que se a matéria é má, Deus que é bom não criou a matéria. O que Ele fez? Aaaah, muito simples! Ele criou emanações de si mesmo, umas 30. E a cada emanação, as coisas iam se tornando mais distantes do Deus bom a ponto do Deus criador não ser o mesmo que o Deus bom, sendo inclusive hostil a ele. [4]

E qual o erro dos camaradas em relação a trindade? Partindo do princípio de que a matéria é má, Jesus não tinha corpo real. Ele era tipo um Gasparzinho, o fantasma camarada de Deus. Jesus era uma ilusão, parecia homem mas não era. O Filho de Deus que era real apenas usava o Jesus humano como meio de expressão. Como dizia Salomão, era tudo ilusão.

Outra parada séria desses caras é que eles acreditavam que Deus não podia sofrer. Ai pronto, uma coisa leva a outra. Se Deus não pode sofrer, Cristo não poderia sofrer porque se sofresse não seria Deus. Então o sofrimento de Cristo seria totalmente "de mentirinha", uma pegadinha do malandro. Essa crença também está presente no Docentismo que foi ferozmente combatipo por Inácio, bispo de Antioquia e Policarpo, bispo de Esmirna.

MONARQUIANISMO DINÂMICO

E mais uma vez a galera negou a divindade de Cristo. Esse pessoal diziam que Jesus foi apenas um homem que, no seu batismo, foi ungido pelo Espírito Santo que o capacitou a ser um profeta como Elias, Eliseu, etc, etc. A pessoa de Jesus foi um mero recipiente para o Espírito que controlava todas as suas palavras e ações, o que fez de Jesus algo entre Deus e os homens. Uma espécie de semi-deus que após a sua morte se uniu a Deus. Eles não negavam o nascimento virginal de Jesus porém diziam ser Jesus apenas um filho adotivo. Sua divindade era apenas de adoção e não de essência.

MONARQUISMO MODALISTA

Ao contrário dos camaradas anteriores, esses aqui negavam a humanidade do Cristo. Para eles não existia Trindade; Pai, Filho e Espírito Santo era apenas nomes diferentes para a mesma realidade, o que fazia dos três apenas meios diferentes, ou faces diferentes de Deus e não três pessoas independentes uma da outra. [5]

Deus seria como um ator que faz três papéis diferentes na história da humanidade. Três máscaras para três personagens feitos pelo mesmo ator. O que reduz a Trindade a três manifestações diferentes. Aqui há apenas três MODOS da mesma pessoa e não três pessoas.

ARIANISMO

Seu criador, Ário, afirmava que Jesus não era igual ao Pai, mas uma criatura superior. Jesus não era co-eterno com Deus Pai mas o primeiro ser criado por Deus e por meio de quem todas as outras coisas foram feitas. Outro erro dessa doutrina é que o Filho estaria sujeito a mudança e por isso poderia ter pecado como o Diabo, mas Deus prevendo seu caráter, agiu preventivamente com sua graça. Para eles o Pai criou o Filho e através do Filho criou o Espírito.

APOLINARISMO

Surgiu com os ensinos do bispo de Laodicéia da Síria chamado Apolinário. Ele se opondo fortemente ao Arianismo acabou cometendo a infelicidade de criar outra heresia. Ele dizia que Cristo era totalmente divino e 2/3 humano. Ele admitiu que Jesus era composto de elementos divinos e humanos. Assim, os elementos divinos assumiram só em partes o ser humano Jesus. Logo, Jesus era humano fisicamente mas não psicologicamente.

Pra ficar mais claro compare o caso de uma alma humana implantada em um leão. A questão seria quem comandaria quem, no caso de Apolinário a alma governaria o leão. Sacou? A ideia de total humanidade envolvia o conceito de pecaminosidade, e Apolinário tentando resguardar o Filho disso, negava a a totalidade humana de Jesus. Ele dizia que Jesus possuía corpo e alma humana mas não possuía espírito humano.

Ele foi excomungado pelo fato de que, se Jesus não tomou sobre si a integridade da natureza humana, essa natureza não poderia ser redimida, porque o que o Filho não levou sobre si não pode ser alvo de sua redenção. [6]

POSIÇÃO BÍBLICA REFORMADA

A posição bíblica reforma, e que deve ser a posição de todo Cristão autentico melhor se define pelo Credo de Atanásio:

"3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade. 4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.

5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.

6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.

7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.

8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.

9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.

10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.

11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.

12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.

13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.

14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.

15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.

16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.

17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.

18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.

19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores."

[1] Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Madrid, La Editorial Catolica, (Biblioteca de Autores Cristianos, Vol. 349-350), 1973, III.27.6.

[2] Eusébio, HE., III.27.1.

[3] Veja: Alister E. McGrath, Teologia Histórica: Uma Introdução a História do Pensamento Cristão, p. 54-55.

[4] William Barclay, Juan I, Buenos Aires: La Aurora (El Nuevo Testamento Comentado), 1974, Vol 5, p. 20.

[5] Vd. P. Tillich, História do Pensamento Cristão, São Paulo: ASTE., 1988, p. 73.

[6] Vd. P. Costa Maia H, Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo, p. 271-273.

 
 
 

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